terça-feira, 27 de julho de 2010

'Rei Ghob' disse a amiga que a PJ o ouviu por pedofilia

Tânia Santos, de 27 anos, já estava desaparecida há três meses quando Francisco Leitão contou a uma amiga da jovem ter sido ouvido pela PJ, alegadamente por suspeitas de pedofilia. "Foi num sábado à noite. Estávamos num bar em Fonte de Lima, Lourinhã, quando quatro homens o levaram", recorda a amiga de Tânia. Horas depois, Leitão reapareceu. "Disse que tinha sido levado por elementos da Unidade Nacional Contra-Terrorismo da Polícia Judiciária por suspeitas de pedofilia."
Nessa altura, algures em Setembro de 2008, Tânia estava desaparecida há mais de três meses, tal como Ivo, que sumiu cerca de duas semanas depois. A Judiciária nega ter tido contacto com Leitão nessa altura (ver relacionado).
A amiga de Tânia, uma jovem de 21 anos, conviveu de perto nos últimos dois anos com o alegado homicida de Tânia e Ivo (desaparecidos em Junho de 2008) e Joana (em Março deste ano).
Maria (nome fictício) conheceu Tânia na empresa onde trabalhava na altura, o centro de abate de aves Avibom, e começaram a sair juntas. "Ela adorava o Leitão. Chegou a contar-me que passavam fins-de-semana juntos", recorda Maria. É aqui que Ivo, namorado de Francisco Leitão, entra na história. Aproximou-se de Tânia para ajudá-la a livrar-se das alegadas agressões do marido. "Chegou a dizer que o matava", revela Maria. A amiga de Tânia avisou Ivo: "Se o fizeres, desgraças a tua vida!".
Foi Tânia a apresentar Maria ao "rei Ghob". Maria estava quase a casar-se. "O descapotável da Tânia ia ser o carro dos noivos", revela Maria. Era no Peugeot preto descapotável que ambas saíam, sempre na companhia da filha de Tânia, com nove anos na altura.
"A menina ia sempre connosco. A Tânia dizia 'seja para onde for, a minha filha vem comigo'." Foi por isso com estranheza que, no dia da sua despedida de solteira, no início de Junho de 2008, Maria recebeu o telefonema de Tânia. "A chorar disse que não podia vir à minha festa de despedida de solteira."
Horas depois recebeu um sms de Tânia no telemóvel, em que pedia: "Toma conta da minha filha". Na altura, a menina estava internada no hospital. Terá tentado defender a mãe das agressões do pai e acabou ferida. Naquela tarde de sábado, Tânia, que estivera sempre no hospital ao lado da filha, disse que ia ter com Maria para a ajudar "por causa do casamento". Nunca mais foi vista.
Dias depois, a família de Tânia apareceu acompanhada de Francisco Leitão na casa de Maria. "Foi ele quem nos incentivou a ir à polícia. Como tinha recebido a mensagem, fui com o Leitão como testemunha", conta.
As tentativas para contactar Tânia nunca resultaram. "O telemóvel estava sempre desligado", conta. Duas semanas depois, desapareceu Ivo. O "rei Ghob" começou a contar outra versão. "Disse que o Ivo estava a tomar conta de uma quinta que ele tinha em Espanha. E Tânia estava com ele."
"Cheguei a perguntar-lhe 'então se gostava assim tanto do Ivo, porque o deixou ir para Espanha com a Tânia?' Respondeu-me: 'Se ele está bem, eu estou bem'", relatou a mãe adoptiva de Maria.
Apesar de convidado, Francisco Leitão não foi ao casamento de Maria, uma semana depois de Tânia ter desaparecido. "Como a Tânia não estava, não quis ir." Mas foi ao baptizado da filha de Maria, agora com dois anos, e "filmou e montou o vídeo".

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